Uma questão de oportunidade

Estava lendo o blog do Sílvio Meira, onde ele comenta sobre o computador quântico criado pela D-Wave Systems. E lá achei esse trecho que me chamou a atenção:

a d-wave está usando um método conhecido como computação quântica adiabática, refrigerando um metal [nióbio], a 273.15 graus abaixo de zero, quando sua nuvem eletrônica tem propriedades quânticas

Ok, o que há de especial nesse trecho? Há a palavra mágica nióbio. Deixo então a palavra para o comandante e general-de-brigada Marco Aurélio Costa Vieira, que em entrevista dada em 03/11/2004 para o jornal Diário da Manhã, de Goiânia, declarou o seguinte:

O nióbio é um metal novo, foi descoberto no século passado e hoje é um metal indispensável nas ligas de aço para a principal indústria do mundo, a aeroespacial. E ele é usado nas naves espaciais, nas ogivas de foguetes, nas turbinas de caminhão, estradas de ferro, em instrumentos ótico, e até nas prosaicas lâminas de barbear que usamos todo dia. É um metal refratário, que suporta qualquer temperatura, qualquer pressão, e por isso é indispensável. O consumo mundial hoje de nióbio no mundo é de 40 milhões de toneladas por ano. O Brasil exporta 20 mil. De todo nióbio existente no mundo, 99,4% estão no Brasil. 94,4% estão na Amazônia, o resto em Araxá, Minas Gerais, e Catalão/Ouvidor aqui em Goiás, que é explorado por uma multinacional. E toda produção de Araxá e Catalão é exportada por duas multinacionais com a pequena participação do grupo Moreira Salles. Na Amazônia existe (a gente chama mina o que está sendo explorado, e jazida o que ainda não está sendo explorado) uma mina no município de Presidente João Figueiredo, a 110 km de Manaus, que está sendo explorada por uma subsidiária da Paranapanema. É a única nacional que explora e atende mais a indústria nacional. E a grande jazida dos Seis Lagos, que é uma fortuna, foi estimada em dados fornecidos pelo DNPM e cálculos feitos por mim em um trilhão de dólares. Nós temos nióbio hoje no Brasil para atender o mundo em termos de consumo atual durante 1837 anos.

Agora veja bem: se esse computador da D-Wave vingar a indústria de tecnologia de informação de alta performance vai demandar mais e mais nióbio, justamente para fazer os chips que vão alimentar tais computadores. E nós temos a maior reserva mundial de tal minério, minério que muitas vezes sai daqui em estado bruto, para ser processado por indústrias americanas.

Aliás, voltando à entrevista do comandante Marco Vieira:

E como o mundo se supre do resto se o Brasil só exportou em 2003 vinte e poucas mil toneladas? Descaminho. Porque contrabando é o que vem de fora para dentro, e o que vem de dentro para fora o termo técnico correto é descaminho. Eu tenho uma informação de uma senhora, pela internet, um informe, porque não podemos comprovar, e esse informe diz que sai constantemente como lastro dos navios do porto de Tubarão nióbio para os EUA, Inglaterra, Europa, para o Japão, que também tem participação. Então é uma fortuna inacabável.

Pois é, já parou para pensar que o futuro da informática passa obrigatoriamente pelo Brasil? E que o nióbio não está sendo devidamente explorado pelo país? Pois é…

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