Quem não tem competência usa advogados

Pois é, eis que a Microsoft Brasil resolveu processar o Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), órgão subordinado à Casa Civil que tem a função de disseminar o software livre entre ministérios, empresas públicas e autarquias. Por quê? Porque ele comparou as práticas adotadas pela Microsoft às práticas utilizadas por traficantes, numa entrevista na revista Carta Capital. E que prática seria essa? É a prática de liberar cópias gratuítas para escolas públicas. Com isso forma-se uma massa de consumidores de produtos Microsoft, tal como se forma uma massa de consumidores de drogas quando eles recebem \”amostras\” gratuitas.

É pesada a comparação? Não, não é. Muito se fala que o Windows é mais fácil que o Linux, mas na verdade o que há é o seguinte: mais fácil é o primeiro sistema que uma pessoa utiliza. É ali que o seu modus operantis vai se definindo, de forma que há obstáculos a serem vencidos no próprio cérebro quando se muda de plataforma. É por conta disso que empresas procuram usar o máximo possível de tempo velhos sistemas, mesmo que eles não sejam o bicho: o esforço mental dispendido para adotar novas práticas é grande, e durante esse período inevitavelmente a produção dos usuários cai. Assim sendo, quando a Microsoft dá cópias gratuítas do seu sistema para escolas ela na verdade não está fazendo caridade, mas sim está criando toda uma base futura de usuários.

E o que eu acho disso tudo? Eu acho que o fato da Microsoft mover um processo contra o Amadeu é um grande tiro no pé. A notícia já está se espalhando, já foi criado um abaixo-assinado online contra a empresa, enfim, queimação total de filme. E sinceramente creio que se levado num tribunal tal queixa a Microsoft não ganha nada.

Bem, vamos ver como termina essa história 🙂 Vai ser bonito de acompanhar o fuzuê.

Antropocentrismo

O que podemos concluir quando analisamos essas duas notícias?

AOL Notícias: Estudo prova que os homens não ouvem

Um estudo feito com aves marinhas acaba de confirmar algo que as mulheres já sabiam há tempos: os homens não ouvem.

Cientistas descobriram que as fêmeas do mergulhão sabem quanto precisam trazer de comida para os filhotes de acordo com os gritos das crias.

Mas os mergulhões macho simplesmente ignoram os apelos e trazem sempre a mesma quantidade de comida, estejam os filhotes chorando ou não.

AOL Notícias: Depois de educação sexual, Hua Mei, a panda, engravida

Quatro anos depois, ela foi o primeiro panda nascido no exterior a retornar a seus bosques ancestrais. Mas os veterinários preocupavam-se com seus parcos conhecimentos de como se acasalar depois de viver toda a vida em cativeiro. Resolveram o problema mostrando-lhe vídeos sobre copulação de pandas.

Ora, podemos concluir que o título da segunda pode muito bem ser \”Cai o mito que mulheres não se excitam com filmes pornôs\”.

Foi só um golinho seu guarda!

Antes de perder meu número do ICQ graças a um truque idiota, digno de um newbie, eu defendia uma idéia: a da carteira de habilitação de micreiro. Tal carteira seria dada só depois que o futuro usuário do computador passasse num teste, certificando que ele sabe o que está fazendo. E esse teste seria rigoroso, praticamente uma certificação. Nada de teste fácil não. Tal qual uma escola de motoristas, o teste deve só deixar parar na frente da máquina pessoas que possam efetivamente pilotar elas. Mas eu disse \”defendia\”? Pois é, está errado isso. Ainda defendo, só que agora com essa história de chegar meio tchuco em casa, ligar o computador e fazer besteira, digo que, além da carteira, o computador só pode ser ligado depois do teste do bafômetro dar negativo. E se insistir perde 15 pontos na carteira!

A love machine with the facts of life

\"\"Estava no sábado de madrugada indo para a casa dos meus pais quando começou um processo que acabou fazendo com que eu tirasse Naked, do Talking Heads, do limbo da minha pilha de discos e fosse escutar ele. A lógica é simples: ia caminhando, ouvindo o CD da Blanched quando começa a tocar \”Um palhaço no campo de concentração\”. Na mesma hora imaginei uma animação, com operários trabalhando, realizando movimentos sincronizados. O que mais me chamou a atenção é que tais operários tinham a cara do Unabomber. Eles trabalhavam feitos loucos, a camera acompanhando eles no seu transporte sem sentido de caixas e mais caixas. Eu ouvia as camadas de guitarras se sobrepondo e ficava imaginando a loucura de toda uma sociedade mecanicista, presa numa cadeia produtiva auto-destrutiva. Não foi uma ou duas vezes que voltei a música para ficar submerso naquele pesadelo ludista.

E porque o Unabomber? O que o senhor Theodore Kaczynski tem a ver com a Blanched e a sua música? Não sei, mas fico pensando nele como um bobo da corte nesses tempos de automação máxima que vivemos. Sim, um bobo da corte cruel, desesperado, capaz de fazer uso do terrorismo contra pessoas que são simples engrenagens dentro do sistema. Mas vale lembrar que toda a corte tinha um bobo não apenas para divertir o rei, mas para passar recados para ele, para lembrá-lo de que todo poder tem limite. E o que é um palhaço dentro de um campo de concentração? É uma incongruência tão grande quanto o Unabomber. E eis que fui procurar pelo manifesto dele e no caminho achei o texto Porque o futuro não precisa da gente, do Bill Joy. Foi ler esse texto (que cita o Unabomber) no caminho de casa para, subindo as escadas, lembrar dos versos \”monkey see monkey do\”. É aí que entra o Talking Heads.

Naked com toda certeza é o álbum mais fraco da discografia da banda. Apesar da produção impecável o disco é fraco, com músicas onde se percebia que a banda estava perdida, apostando suas fichas na world music mais uma vez (a primeira vez tinha sido no excelente Fear of Music) numa esperança de renovação. Não deu certo e o máximo que a banda conseguiu foi criar uma música de trabalho chata que é (Nothing But) Flowers. Contudo mesmo um disco ruim do Talking Heads é um disco melhor que muita coisa que se ouvia por aí, e pode-se dizer que havia ali uma pérola ali, e justamente uma pérola neo-ludista: a música The Facts of Life. Tivesse o Talking Heads levado o disco para o caminho aberto por essa com certeza teríamos uma obra com a mesma importância do Ok Computer do Radiohead (banda que por sinal tirou seu nome de uma música de quêm? De quêm? Pois é…). Mas não, parece que a banda esperava repetir o sucesso comercial dos trabalhos anteriores (Little Creatures e a trilha sonora de True Stories) e resolveu apostar suas fichas em coisas como Mr. Jones. Um erro, um grande erro. Não é de espantar que a banda tenha acabado com o David Byrne enveredando no mambo (ARGH!) e o resto da banda afundando naquela coisa chamada The Heads. Total e completa perda de rumos!

Mas enfim, o importante aqui é a letra de The Facts of Life:


Mon key see and mon key do
Ma king ba bies, ea ting food
Smel ly things, pu bic hair
Words of lo ve, in the air
Sparks fly, shoo ting out
Ma king sure that eve ry thing is wor king
I can\’t turn you down
We are pro grammed hap py lit tle chil dren
Mat ter o ver mind
We can not re sis so I won\’t fight it
Love is a ma chine
Love is a ma chine without a dri ver
The facts of life
The facts of life
A masterpiece
Biology
Smokey water
Air conditioned
Boys \’n\’ girls
And automation
Chromosomes
Designer jeans
Chimpanzees
And human beings
Machines of love
Machines of love
Strong in body, strong in mind
A love machine with the facts of life
The facts of life
The facts of life
So much sex \’n\’ violence
Must be a bad design
We\’re stupid to be fighting
Every night
The monsters we create
They welcome us aboard
The best in advertising
From coast to coast
The girls and boys combine
Like monkeys in the zoo
The clouds have silver linings
Looks pretty good
People fall in love like in fairy tales
I\’m not sure I like, what they can do
I\’m afraid that God has no master plan
He only takes — what he can use
Factory life, ice cream & pie
Factory life
Someday we\’ll live on Venus
And men will walk on Mars
But we will still be monkeys
Down deep inside
If chimpanzees are smart
Then we will close our eyes
And let our instincts guide us
Oh oh oh oh no

\”Ma king sure that eve ry thing is wor king\”… Engrenagens… A sensação de falar de um problema e com isso agredir involuntariamente uma pessoa que vê o problema como algo indispensável para a sua sobrevivência. \”Machines of love\”. E as guitarras se sobrepõem, e ao palhaço não sobra nada além de fazer sorrir na divisão do prazer.

Hackearam meu ICQ

Pois é, quem entrar na página do UIN 636464 vai ver que tá lá a minha foto mas o texto é uma coisa maluca que só vendo. Pois bem, o que aconteceu foi o seguinte: sexta-feira de noite eu cheguei em casa, depois da festa de aniversário da Heidi, e me conectei na Internet. No que eu entrei o Bidão entra em contato comigo e diz que é para mim participar de um chat. Eu estranhei (“Chat no ICQ???”) mas o cara me disse que era para colocar o email tal no lugar tal (que eu não tenho acesso agora para ver qual é o nome, acho que é no Description) e eu resolvi conferir. Graaaaande erro. Esqueci que colocando ali o cara podia solicitar a senha do meu UIN e bingo, foi o que aconteceu. Sim, fui vítima de uma engenharia social das mais óbvias, não levando em conta que a conta do Bidão tinha sido hackeada. Fui na confiança e me ferrei, perdendo o UIN que eu usava desde 1998. Assim sendo crianças, aí­ vai a dica: se alguém vier com um papo de chat via ICQ manda o cara catar coquinho.

E agora o jeito é esperar o pessoal da AOL me devolver meu UIN. Pelo sim pelo não na dúvida a partir de hoje não fale mais comigo pelo ICQ (pelo menos até eu dizer aqui no blog que recuperei o número) que aquele cara lá não sou eu.

BabySauro

E para aqueles que me perguntam o que fui fazer em Taquara nesse fim de semana eis a resposta:

\"\"

Aniversário de 1 ano da minha sobrinha Marcela. Ela é ou não é lindinha? 🙂

Um assombro

Não basta a Tai ser absurdamente bonita e ainda escreve bem prá dedéu! Não quero dizer nada, mas o blog dela com certeza rende um belo livro de viagem. O problema vai ser ela ter que encarar uma sessão de Viajando na Guaíba para divulgar ele…

Mas se por acaso um dia ela tiver um filho com o Galera eu não quero ver o que vai sair. Se puxar os dois deve sair algo como o Carpinejar, que é o meu exemplo mor de genética literária aplicada.

E já que estamos falando em escrever, o que é essa Cadeia de Palavras, não? Até desenterro uma palavra para refletir meu espanto diante da idéia: Supimpa!

Pior frase do fim de semana

Ela se espanta e pergunta:

– Mas você não vai vir com a gente para São Leopoldo?

– Não. Meus amigos vão tocar agora e se eu não ficar eles me matam.

Posso jurar que a cara foi de desapontamento. Não que alguma coisa fosse rolar, que ela tivesse alguma outra intenção que não a de dar uma carona, mas o simples fato de dispensar a companhia dela para ficar com os amigos correspondia a um \”tu não vale mais do que eles\”, e isso não era verdade, em nenhum momento era verdade. E agora quem sente vontade de matar alguém sou eu. Tem coisas que a gente faz com a gente mesmo que não dá para perdoar.

Trouxa! Idiota! Estúpido!