Sobre mortes e problemas que se tornam nulos

Morreu um tio da minha namorada ontem. Hoje de manhã ela e sua mãe vão para o enterro em Xangri-lá. Ontem de noite (na verdade a 5 horas atrás) o pessoal da LinuxPOA se encontrou e lembramos da Marina. Anteontem fiquei sabendo que roubaram o carro do pai da Marina a uma semana atrás. O que é perder um carro depois de perder uma filha? Hoje a minha namorada vai no carro dela levar a “sogra” pro enterro. Tentaram roubar o carro da “sogra” semana passada. Hoje vou ligar para a dona Magda e ver se amanhã de noite posso passar na casa dela para separar os livros da Marina que serão doados pra biblioteca da universidade. Essa semana me lembrei do Etamar, um amigo meu que morreu lá em 1995/6 na piscina da casa dele. Não lembro de quando ele morreu, mas me lembro das conversas que a gente tinha e das idéias malucas que brotavam daquela cabeça incrível que ele tinha. Eu tinha um amigo que era um gênio. Eu tinha uma amiga. A minha namorada tinha um tio. Agora só temos a saudade. E estou escutando Portishead.

E assim, com a morte fazendo sombra, chega a conta do cartão de crédito. Já estou negativo no banco, mesmo tendo recebido a quinzena ontem. Tenho ainda que pagar o telefone e o condomínio. Gastei demais: Páscoa, dia das Mães, presentes para duas famílias, presentes de aniversário. Acabei me afundando. Na verdade não me arrependo: fiquei feliz em dar presentes. É bom dar presentes. E sabe? Ficar endividado é pouco, é pequeno. Um ou dois meses de ajuste de contas, de economia e já estarei bem de finanças de novo. Melhor: me programo para não sair mais gastando feito um louco, me programo para parar de comprar revistas como a da MTV, Trip, etc, etc… Me programo para não comprar mais CDs a torto e a direito. Me programo para ver como posso fazer para financiar o meu apartamento, para ser vizinho dos meus amigos . Um ou dois meses afundado, até porque metade do décimo terceiro já está chegando… A minha namorada está um pouco pior que eu: até agora a faculdade onde ela trabalha não está ajudando a pagar o pós dela. É chato ficar sem dinheiro… Mas o que é isso diante da sombra? Nada, absolutamente nada. É só um contratempo, assim como a gripe foi um contratempo. No fim das contas passa, se dá a volta por cima, e segue-se levando a vida, levando a carga de mais uma ferida para ser cicatrizada.

Deixe um comentário