Ser eclético? Não, não é isso que importa…

Há quem estranhe o fato de eu ter aqui em casa, ao lado dos CDs do Radiohead, Madredeus e Interpol coisas como Acqua, Funk da Lata e Right Said Fred. Vou dizer o quê? Que curto de tudo um pouco? De que vai adiantar dizer isso se vão continuar olhando meio torto? Bem, o causo é que no último número da Revista da MTV tem uma entrevista com o Marcelo Camelo e lá pelas tantas ele coloca uma coisa que tem tudo a ver com a forma como eu escuto música. Vale a pena a transcrição:

Quanto de cerebral existe nesse processo de composição?

No final das contas acaba tendo muito pouco de cerebral, porque acredito que a arte na verdade é um gatilho que funciona para ativar uma emoção que já se carrega dentro de si. Todo mundo carrega, a arte é um código, é uma chave que consegue funcionar como o gatilho de uma emoção que a pessoa já carrega. E aí nesse sentido tanto faz se é uma música, um quadro, uma letra, um filme. Acho que existe uma coisa de inconsciente coletivo que é o lance de encarar a obra como um gatilho emocional. Acho que é a grande arma da nossa banda. Na verdade, é a gente ter essa liberdade de se sentir muito à vontade de usar de todas as coisas que já existiram e existem sem preconceitos de gênero, sem estabelecer juízos de valor, porque quando ouço Kelly Key, por exemplo, e me emociono, eu me emociono porque me emociono e ponto final. Isso é o mais importante.

Com o que você se emociona na música da Kelly Key?

Com as melodias, as batidas, danço junto. Danço também com Claudinho e Buchecha, eles tem várias músicas bonitas. E quando me emociono é porque é emoção mesmo, cara, é deixar aberta essa via. Eu me alimento disso, cara, se começar a colocar barreira nisso, começar a cortar esses canais de comunicação que meu coração tem com a arte, estarei diminuindo um fluxo que me alimenta. Não se pode tirar da arte essa função primordial, porra, que é de entreter. O limite da arte é o limite do corpo de quem a recebe, ninguém pode vir de fora e dizer para você: \”Tem que ouvir Mozart por isso ou por aquilo, que é bem melhor que Claudinho e Buchecha\”. Essa relação de uso de valor não é verdadeira.

Resumo da ópera: tá com vontade de ouvir Ângela Maria com Tortoise? Piazolla com Pedro Luiz e a Parede? Pois vá em frente! Se você gosta, se sente alguma coisa especial ouvindo isso vá em frente. Ok, ok, tudo tem limite, por isso não me obrigue a ouvir Comunidade Ninjitsu. É, vai baixando o volume aí do Chevetão aí maninho, senão eu chego com o meu portátil CCE foderoso e te faço engolir Sigur Rós.

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