Es un eco en las montanas

Para mim uma das melhores bandas de todos os tempos é o Talking Heads, banda responsável por dois dos melhores discos de todos os tempos (Fear of Music e Remain in Light), além de uma série enorme de canções antológicas, como Burning Down The House, The Lady Don’t Mind, And She Was, Road to Nowhere e Psycho Killer (que eu não acho a melhor música deles, mas com certeza é a mais conhecida).

Bem, levando em conta isso, dá para entender porque eu fiquei indignado com o David Byrne quando ele veio para Porto Alegre no começo dos anos 90 para lançar um disco de… MAMBO! Sim, fiquei irritado com isso, e nunca parei para ouvir o Rei Momo com calma. Sempre ouvia por cima e voltava a me irritar. A única música que eu tolerava ali era Loco de Amor, que fez parte da trilha sonora do filme Totalmente Selvagem, de 1986.

Até hoje.

E vou dizer: grande disco! Não é a melhor coisa que o David Byrne fez, mas é um disco e tanto, que vale a pena ser conhecido. Foi uma iniciativa que, pensando bem, foi bem corajosa da parte dele. Afinal, ele era um nome altamente conceituado do art-rock e desbandou justo para ritmos que estavam praticamente marginalizados no cenário pop da época. Aliás, é interessante ver que a salsa, ritmo de Loco de Amor, foi criado em Nova Iorque:

A salsa nasceu nos bairros de Nova Iorque por volta dos anos 1960 e é uma espécie de adaptação do cumbia da década de 1950. Recebeu ainda influências do merengue (da República Dominicana), do calipso de Trinidad e Tobago, da cumbia colombiana, do rock norte-americano e do reggae jamaicano. Hoje, é uma mistura de sons e absorve influências de ritmos mais modernos como rap ou techno. A dança é caracterizada pelo compasso quaternário.

Salsa, em castelhano, significa “tempero” e a adoção do nome quis transmitir a ideia de uma música com “sabor”. O movimento que originou este novo estilo de música latino-americana começou em Nova Iorque, quando um grupo de jovens músicos começou a mesclar sons e ritmos visando a criar uma sonoridade que tivesse um “sabor” latino-americano.

Isso explica como é que a música foi pano de fundo para a abertura de Totalmente  Selvagem, onde eram mostradas imagens da cidade, algo que para mim era meio que sem sentido… Mas enfim, divago. O caso é que finalmente, 20 anos depois da jornada davidbyrniana pela música latina, eu pude curtir o trabalho dele, ver a beleza por trás de canções como Good and evil e Woman vs. man e me deliciar com The call of wild.