Visão romântica

UOL: Demitido, repórter acusa TV Globo de manipulação na cobertura eleitoral

Rodrigo Vianna, repórter-especial da TV Globo de 1995 até esta terça-feira, enviou ontem (19/12) a colegas uma carta em que acusa a “Globo” de manipulação em sua cobertura das eleições presidenciais. Vianna divulgou o texto após receber o aviso de que seu contrato não seria renovado.

Sabe, eu li e, tirando os questionamentos totalmente válidos do Rodrigo Vianna, fiquei me perguntando em que mundo ele vivia. Afinal desde sempre se falou nas manipulações da Globo, manipulações essas que estão no cerne da empresa, como se pode ver no documentário Além do Cidadão Ken. De qualquer maneira a resposta está na própria carta aberta que ele enviou:

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós – nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia “vallet park”, nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Tá explicado! O cara era um romântico, daqueles que ainda acreditam no papel sagrado do jornalismo, tanto que confundia o ambiente (bar pé-sujo, redação bagunçada) com o resultado. Nem parece que era justo na redação junto aos bares que ocorreu a maior manipulação midiática da história da política brasileira… No fim das contas essa carta aberta aí do Rodrigo Vianna não trouxe nada de novo, só servindo para ele se queimar. Não vou estranhar se ele só conseguir achar emprego junto ao Observatório de Imprensa, que é o grande antro de Don Quixotes do jornalismo brasileiro.

E fica a pergunta: quando é que as faculdades de jornalismo no país vão dar a real pro estudante e mostrar que não existe jornalismo imparcial, mas sim jornalismo que mostra a visão do dono do veículo? Se a visão do dono do jornal é imparcial o jornal será imparcial, senão vai servir para difundir o que o dono do jornal acha que é melhor, simples assim. Na verdade o grande erro do jornalismo é não assumir a parcialidade, não ter dentro do veículo um espaço dizendo “É nisso que esse veículo acredita”. O problema não é a parcialidade, mas sim a falta de transparência.

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