Velhos colegas

Meio que contaminado pela nostalgia, peguei meu convite de formatura da 8ª série da Escola Evangélica Dorothea Schäfke, do distante ano de 1985, e fui ver se achava meus antigos colegas de primeiro grau na rede. O que eu achei foi o seguinte:

Alguns desses 37 colegas nunca mais vi depois que eles sairam do primeiro grau: o Amilton Schmidt e o Jefferson Arsand, por exemplo. Se eu cruzar com eles na rua periga eu não reconhecer. Um deles que eu não posso esperar reencontrar é o Wilson Evandro Petzinger, o Petza, que faleceu num acidente de trânsito… Vejo esse convite e fico olhando para os nomes que alí estão. Sei que o Hamilton Bellaguarda está trabalhando na Sadia, em Santa Catarina. O Marcelo Rick e o Marco Antônio da Silva trabalham na Azaléia. A Patrícia Pereira é dentista em Taquara. O Renato Velho é músico, e esses tempos estava dando demonstrações de como tocar serrote para crianças. O Eduardo Leuckert é piloto de avião. Do resto do pessoal mal tenho notícias: alguns casaram, outros já se separaram, se casaram de novo, e colocaram filhos no mundo. Filhos que um dia também terão o seu convite de oitavanista, e que um dia, ao terem 30 anos, olharão para o convite de formatura e se lembrarão de seus antigos colegas, com um pouco de saudades, e espantados com o fato de que 16 anos já se passaram.

Esses garotos contudo não terão uma lembrança: a do professor Ruy, nosso paraninfo, se despedindo da turma, parando de dar aulas de química no Dorothea. O mesmo professor Ruy (que distraído costumava fumar o giz e escrever no quadro com o cigarro, enquanto se perdia em considerações sobre o tamanho do buraco que o choque de dois pedaços de urânio do tamanho de moedas poderiam gerar caso se tocassem, entre outras viagens) partiu para realizar o seu sonho: estudar medicina. Ele teve a coragem de abandonar uma vida estável e partiu atrás de seu sonho: quantos podem dizer que fizeram isso? Mas o fato é que, de todas as aulas que eu tive, nenhuma se comparou com a lição que ganhei naquele discurso de despedida, onde ele falou dos seus temores e das suas expectativas, e porque era importante para ele fazer o que estava fazendo, apesar de todas as dificuldades que se anunciavam. Foi com certeza a mais importante de todas as aulas.

This entry was posted in Sem categoria. Bookmark the permalink.

Deixe um comentário