Cumpadi

O irmão da minha namorada casou ontem. Para a minha surpresa fui um dos padrinhos de casamento. É uma sensação estranha uma pessoa confiar a você o direito de poder opinar sobre a vida dela, ver que ela me deu passe livre para que, se um dia houver uma discussão boba com a esposa dele , eu possa chegar e dizer: “Larga a mão de ser besta, meu!”. Agora, se ele vai me ouvir ou não são outros quinhentos…

E outros quinhentos é sair de novo com a cunhada bêbada. Brinde de champanhe no aeroporto pros noivos até vai, mas… Bem, teve uma hora que eu só disse: “vou no banheiro” e saí de perto, que a zoeira já estava grande. Sei não, mas tenho a impressão que a noiva , do jeito que é, não vai perdoar a cunhada tão cedo pelo mico. Ou vai voltar da lua-de-mel e cair na gargalhada lembrando a cara do pessoal em volta enquanto eles ficavam cantando. Sei lá. Só sei que ela hoje deve ter ficado o tempo todo falando: “Não, eu não fiz isso! Capaz! Não, não fiz!“. E dá-lhe ressaca!

Pensando bem, na hora da zoeira eu queria sumir, mas se eu estivesse um pouco mais alto teria me divertido prá burro. Acho que o caso aqui é eu meter um pouco mais de álcool no sangue e deixar de parar de me preocupar com que os outros estão pensando. E dá-lhe festa.

Update em 2014: esses dias encontrei meu cumpadi, separado. O casamento infelizmente não durou, mas resultou numa menina linda linda.

Sob a sombra do pé de jequitibá

Fui ver hoje Corpo Fechado. Só posso dizer: é um filme para quem adora quadrinhos. Nesse caso, o filme tem um roteiro sensacional, muito bem pensado, apesar de um pouco arrastado. Já para quem não gosta… Bem, a reação da maior parte das pessoas no fim da sessão dá um quadro exato da situação: frustração pura e simples. Cheguei a ouvir um “eu paguei prá ver isso?“. Só encontrei outra pessoa que saiu do filme sorrindo, e sim: ela tinha cara de quem lê histórias em quadrinhos. E é justamente isso: é um filme para quem gosta de quadrinhos, curte quadrinhos, conhece todos os clichês dos quadrinhos. Não é um filme tão bem conduzido quanto X-Men, onde mesmo quem nunca leu alguma coisa da turma do Xavier acabava gostando do filme, mas tem seus méritos. Aliás, se o filme fosse uma HQ ela seria algo que fugiria completamente do padrão. Afinal, o herói não se torna herói depois de um acidente que o transforma (na verdade o acidente mostra quem ele é de fato, servindo de revelação) e o vilão quer algo muito mais sutil do que poder ou fortuna, como é o caso de 99,99% dos vilões que a gente vê por aí. Bem, não vou falar mais pois isso estragaria a história, e não quero dar esse desprazer para outro gibimaníaco.

Update em 2014: bem, a essa altura quem viu viu, de forma que dá para comentar. No caso o que o vilão quer não é dinheiro ou poder, mas sim entender o seu lugar no mundo, uma explicação para a sua fragilidade. É uma busca pelo sentido da própria vida.

Carro 107

Estação Unisinos do Trensurb. O metrô chega na estação e pára. A porta fica bem na minha frente. Observo o passageiro que está dentro do trem, pronto para descer. Ele está com a cabeça para baixo, olhando o chão… Lentamente a levanta e olha para mim através do vidro da porta. Ficamos nos olhando, parados um na frente do outro. Canso de olhar para ele e viro minha cabeça em direção à cabine do condutor, distante. Não vejo nada. Olho novamente para a pessoa parada na minha frente. Não sei como está a minha cara, mas deve estar como a dele: cara de quem não está entendendo nada. O metrô começa a andar e parte. Meio pasmo ainda, só escuto o fiscal do metrô falando no walkman: “alô, o carro 107 saiu sem abrir as portas!”. Porque tenho a impressão que só comigo acontece uma coisa dessas?

E para quem ainda não sabe, já tá na rede o trailer do filme O Senhor dos Anéis.

Blogs/Weblogs I

Listinha rápida de blogs/weblogs em português:

Trilha sonora do dia: CD do filme do Win Wenders, The end of the violence.

Pérola do dia (até o presente momento):

– Porque você não vai no Rock In Rio?
– É por que o meu cocar tá na lavanderia.

e para completar, antes de sair pro almoço: 404 NOT FOUND.

Cada jornalista…

Argh! Se sendo um joão ninguém eu já tenho dor de cabeça com jornalistas, imagina se eu for famoso um dia (hipótese muuuuito pouco provável, graças a Deus). Saiu uma matéria sobre mim no Enfoque Campus (jornal experimental do curso de jornalismo da Unisinos). Para começar, a guria que conversou comigo falou que era um trabalho de aula, e não que ia ser uma matéria publicada. Mesmo assim, tá lá, com direito a foto (horrível, por sinal - posso até ser feio, mas o que tá alí é um exagero) e tudo. O brabo é ver ao lado do artigo uma coluna chamada "Dicas do Charles". Mas como eu posso dar dicas de sites que eu nunca visitei? Nunca acessei o site da Ananova, não me interesso por Wap, então como vou dar dicas sobre isso? Ok, até acho o Banheiro Feminino divertido, mas tem coisa mil vezes melhor na rede para ficar sugerindo. Queria saber como é que a guria sai por aí dizendo que são dicas minhas... Cada uma!

Duas faces do não ter nada para fazer

Não ter nada para fazer… Pode ser algo tanto ruim como bom. Depende apenas de onde e do estado de espírito que você está. Por exemplo: sábado de noite cheguei em Taquara e foi aquilo: nada, absolutamente nada de interessante para fazer. Acabei indo parar no Saturno Blues Bar e fiquei alí com alguns amigos, justamente reclamando do quê? De que não havia nada para fazer na cidade. E domingo de tarde vou visitar o Veraneio Hampel, em São Francisco de Paula. Nada para fazer, mas num astral completamente diferente, curtindo a chuva na Serra e o frio. Outra coisa que me chamou a atenção: em nenhum momento sábado de noite se falou em agitar algo por conta própria. Ninguém propôs nada. Só ficamos lá, reclamando, reclamando... Não é a cidade que está num marasmo. Ela só é um reflexo da pasmaceira de vida que vamos levando. E falando em Taquara: novo prefeito e tendo que governar sem ter telefone ligado na prefeitura, já que a CRT cortou o mesmo por falta de pagamento. Me pergunto: será que o Tito (o prefeito anterior) também está com o telefone cortado na casa dele? Sinceramente duvido muito.

Xis-Salada na madruga

Pois é, ontem foi um dia estranho. Depois do trabalho cheguei em casa, tomei um banho e fui no Factory tomar uma cervejinha. Pelamordedeus, como sou fraco prá álcool! Um copo de cerveja e meia hora depois já tava estrebuchado na cama, dormindo com luz acesa, roupa e tudo mais… Acordei as 2 da madruga com um gosto amargo na boca e morrendo de fome. E a maior chuva lá fora… Foi sorte não me molhar todo quando fui jantar lá no triângulo. Xis-salada na madruga. O legal da história foi ficar conversando durante uma hora com o Luís Brasil, figuraça aqui de São Léo. Não tem um bar ou restaurante aqui na cidade que não tenha um quadro dele pendurado na parede.

E pensar que eu prometi para mim mesmo ser menos perdulário. Foi só ir no shopping terça-feira tirar dinheiro para sair com três CDs de lá. Não um, mas TRÊS! Uma coletânea do Pixies, o do Bidê ou Balde e um da Lisa Gerrard (vocalista do Dead Can Dance). O cara da loja de CD consegue ser cruel comigo. Só me chamou e disse: “Ouve isso”. Bastou. Pior é que quem vê acredita que tô mergulhado na grana … Que nada. Tô é vendo que mais uma vez vou passar minhas férias em Taquara, já que vou estar sem dinheiro. O plano de ir prá Montevideo? Esquece. Eu precisaria de pelo menos uns 600 reais para ir prá lá e aproveitar a viagem. Fica prá outra, quando o câmbio estiver mais favorável. Mas mesmo assim valeu a pena comprar os CDs… Depois do stress que foi a divulgação do Listão do lugar onde trabalho na Internet, bem que eu merecia uma música relaxante.

Estupro emocional

Ontem assisti ao filme Dançando no Escuro – Dancer in the Dark, vencedor da Palma de Ouro do festival de Cannes ano passado e que neste fim de semana finalmente teve a sua pré-estréia aqui no Rio Grande do Sul. Confesso que na primeira metade do filme eu me segurei para não levantar da cadeira e ir embora, mas fui ficando, tanto para ver até onde é que a história chegava como por ser fã da cantora islandesa Björk (que faz Selma, a anti-heroína do filme). Fiquei e o resultado foi compensador, apesar de ter sido um legítimo estupro emocional. Para quem nunca ouviu falar do filme é o seguinte: durante a década de 50, Selma, imigrante tcheca que vive nos Estados Unidos está perdendo de forma acelerada a visão, devido a uma doença congênita, doença essa que afeta ao seu filho também. Inclusive ela emigrou para os Estados Unidos em busca de cura para ele e trabalha feito uma louca para guardar dinheiro para pagar a operação que evitará que seu filho fique cego. Para suportar a dura vida que leva, ela divaga constantemente, imaginando que está num musical, que é um lugar onde nada de ruim acontece. Inclusive o filme é um musical, mas um musical pobre, com coreografias simplórias nos mesmos moldes dos filmes musicais que Selma via no bloco comunista, quase deprimentes. Aliás, quase não: são deprimentes, já que a medida que a história se desenrola e a saga de horrores pela qual Selma passa vai se desenrolando, menos ela consegue divagar de forma alegre, e isso vai se refletindo na imaginação dela, até chegarmos na canção final ao filho, que como a própria letra diz, dispensa violinos. Nessa hora eu confesso que me derreti em lágrimas (odeio quando isso acontece), assim como boa parte do pessoal que estava no cinema. Aliás, o filme é uma grande manipulação visando tal catarse. Tenho que tirar o chapéu pro diretor Lars Von Triers: ele sabe conduzir uma história e mexer com os seus sentimentos. Não é a toa que há quem esteja odiando esse filme. Eu gostei.

Ah, e quanto a Björk interpretando eu não sou o mais indicado para falar. Como já sou fã dela o meu julgamento é no mínimo suspeito. Mas digamos assim: a Palma de Ouro em Cannes como melhor atriz é plenamente justificável. Aliás, uma coisa comum de ler nas críticas é que esse foi o primeiro filme em que ela participou. Na verdade ela já havia estrelado os filmes The Juniper Tree (produção islandesa em inglês, de 1987) e Glerbrot (outra produção islandesa, também de 87, mas para a TV ) e feito um pequeno ponta no filmes Prêt-à-Porter, de Robert Altman (em 1994). Mas, enfim, a incompetência da crítica brasileira não me surpreende muito…

202 e faltando…

Ao todo são 202 CDs que tenho aqui em casa. Acabo de colocar todos eles em ordem alfabética por artista. Para os casos em que havia mais de um CD do mesmo artista, coloquei em ordem cronológica. Trilhas sonoras de filmes foram separadas, com excessão de trilhas feitas com músicas de um só artista (Home of the Braves, da Laurie Anderson, por exemplo). Foram separadas também as coletâneas e CDs promocionais com só duas músicas. Ainda foram colocadas a parte os CDs mais estranhos, que não se encaixam no quadro geral, mas que eu gosto, como As 10 melhores do Ronco do Bugio. Os artistas que eu tenho mais CDs são, na ordem, Björk (17), Nick Cave (8) e Cocteau Twins (8, sendo um sem capa, comprado num balaio). Tenho todos os do Pato Fu, todos do Radiohead. E tinha todos do The Cranberries, mas infelizmente eu perdi o “No need to argue” (a capinha tá aqui do meu lado, vazia, sem nada). Já olhei o preço e custa 23 paus, mas acredito que se procurar numa daquelas loja do centro de Porto Alegre periga eu achar até por 15 … De todos, o meu favorito é Ok Computer, do Radiohead, seguido por Aion, do Dead Can Dance, e Victorialand, do Cocteau Twins. 202 CDs, e isso sem contar o que estão na casa dos meus pais (também, é lá que eu deixo as bombas) e os que estão por aí, emprestados. Nada mal para quem a 5 anos atrás ganhou o seu primeiro CD de presente dos pais, junto com um Diskman da Sony. O CD? Los 3 tenores (esse é um que ficou na casa dos meus pais). Levando em conta que há muitos CDs importados, é uma boa pista de porque volta e meia eu entro no cheque especial. Creio que está na hora de eu começar a ser mais seletivo e deixar as obras menores para as pesquisas em balaios.

Mas não é só em CD que eu desperdiço o meu rico dinheirinho. As extravagâncias que cometo volta e meia ajudam um bocado. Hoje, por exemplo, saí da estação São Leopoldo do Trensurb e em vez de ir prá casa decido ir jantar na Cia do Bauru. Nada demais, se não fosse o fato que ao lado tem um restaurante japonês que a muito tempo eu queria conhecer. E estava aberto. Olho e mando o bauru prás cucuias e me mando prá cima do sushi, do sakê e de um monte de coisa que nem imagino como é o nome… Resultado da brincadeira: 29 reais. Na hora de pagar me lembrei de uma vez que estava em São Paulo e fui num restaurante japonês com duas colegas de trabalho. Foi a refeição mais cara da minha vida até hoje: 50 reais por pessoa. Só que o jantar valeu cada centavo, já que a comida era maravilhosa. Já o sushi de hoje… bem que o peixe poderia ser mais fresquinho. Mas mesmo assim valeu a pena a experiência.

Update em 2014: é engraçado ler os valores levando em conta a inflação de 13 anos. Além disso, levando em conta a melhora no meu nível de vida, pagar 120 reais por uma refeição não é algo de todo absurdo (mas é, confesso, para raros momentos). E quanto aos CDs, quem compra CD ainda? São poucos os CDs aí desses 200 que eu não acho no Rdio ou no Deezer. O que não tem geralmente são CDs de remixagens ou de bandas independentes, e mesmos estes geralmente se acha para download.