Começou bem…

Recebi hoje o primeiro número da SpamZine. Tá bom! Muito bom mesmo! Pura cultura pop inútil, ueba! Espero que eles sigam em frente com a qualidade que mostraram e não seja fogo de palha.

Falando em cultura pop inútil, sugestão de filme para pegar na locadoura: vi hoje de noite Gattaca. A história é basicamente sobre um sujeito que vive num mundo geneticamente perfeito, onde os pais podem programar os filhos e que teve o azar de ter sido concebido “num ato de amor” (isso é, sem planejamento nenhum). Discussão muito interessante sobre a privacidade genética e sobre como a sociedade pode vir a ser preconceituosa com pessoas que não são “perfeitas”.

O CardosOnline voltou das férias. Destaque para a frase no rodapé:

“Tou sentindo cheiro de espanto no ar. É ele quem está chegando – Cid Moreira” – Pedro Bial, interpretando no Fantástico

Dica do CAT, talvez o jornalista mais bem informado sobre abobrinha do mundo da informática: a patente de um método para exercitar gatos utilizando um apontador laser. Era, até pouco tempo atrás, a patente mais imbecil de todos os tempos…

Mas chega! Já são 5 da madruga e amanhã tenho que ir no banco ainda de manhã, para sair de tarde. E se você quiser ir acompanhando um weblog, dá uma olhadinha na do meu amigo Musashi. Tá no começo ainda, mas acredito que logo logo vai estar com um material bem legal. Aliás, espero que ele otimize aquele fundo de 600 kb – pode ser bonito, mas faz com a página leve uma hora para baixar… 😉 Ou aguente a página do Eduardo Fernandes.

Em Taquara City

Sexta-feira, as 23h30, peguei um ônibus para Taquara. Foi chegar na cidade uma hora e meia depois, trocar de roupa e ir na casa da namorada , para a festa para o meus compadres. Cheguei tarde, já que os dois já tinham ido embora, mas mesmo assim a festa não tinha acabado, e teve uma esticada na piscina na casa do pai de um amigo e um chimarrão as 4 da madruga sob as estrelas na estrada para São Francisco.

No sábado fiquei dormindo até as duas e meia da tarde, quando um amigo me ligou e saímos para jogar uma sinuquinha em Rolante. Como é normal, levei um vareio. Leve-se em conta que ele passou 20 dias de férias com a esposa, que sempre jogou bem, treinando… Mas mesmo assim: Ê vidão! Só ficamos falando bobagem e nada mais.

E acompanhando eles fui ver O 6° Dia, com o Schwarzenegger. Até que é bonzinho o filme. A idéia de clones que podem ser alimentados com a memória do corpo original é boa e rende algumas discussões bem interessantes sobre a imortalidade, próprias para mesa de bar. Mas nada além disso…

E hoje? Bah, hoje fiquei o dia todo de bobeira, olhando TV… Caramba, como é estranho ver essa coisa: não tem absoutamente NADA que preste. É por isso que eu não me entusiasmo muito para comprar um aparelho de TV pro ap em São Leopoldo. Já não basta não ter nada que preste, tem que ter a velha mania de explorar o sangue alheio. O que não faltam são flashes sobre o acidente com o Herbert Vianna. O pessoal da TV bem que poderia respeitar um pouco a família do cara, e não ficar forçando entrevistas…

E amanhã deverei à tarde pegar a estrada e ir para o Farol de Santa Marta, junto com a minha namorada e uma amiga dela

Mellon Collie and the Infinite Sadness

Hoje fui ver o Entrando numa fria. É uma comédia boa, com um Robert DeNiro impecável e uma história até que bem bolada. Mas é estranho olhar uma comédia num cinema quase vazio. Você começa a rir de uma bobagem e se sente meio estúpido por estar rindo sozinho… Li certa vez que a risada era algo coletivo, onde você entra em correspondência com outras pessoas, e é justamente por causa disso que é difícil ver alguém rindo sozinho. E lá fiquei eu, com a impressão de que só eu entendi a piada. Foi justamente esse clima de estranhamento que me estragou o filme. Sim, ele é bom, mas eu não curti. Saí da sala como se tivesse visto um drama sueco (sim, eu sei que estou sendo dramático). E não bastasse o desconforto, eu até já havia visto filmes com sogras monstruosas, mas nenhuma tão monstruosa quanto aquele sogro alí. E o cara confessou. Tá lá, na página do Lúcio Ribeiro, o que quer dizer que não dá prá levar muito a sério, mas vá lá: Pergunta de uma jornalista para o Noel, na coletiva de imprensa do Oasis: "Diz aí, Noel. Essas suas briguinhas com o Liam são para valer ou é tudo estratégia de marketing?". Noel: "Marketing". E precisava perguntar? Como se ninguém soubesse disso... Mas eu realmente acho divertido é como há pessoas que acreditam nessa imagem de bad-boy que o pessoal do Oasis vende... O detalhe é que nem precisava, já que as músicas são boas. (Só para pegar no pé dos fãs do Oasis: tão boas quanto as do Blur!)

Sob a sombra do pé de jequitibá

Fui ver hoje Corpo Fechado. Só posso dizer: é um filme para quem adora quadrinhos. Nesse caso, o filme tem um roteiro sensacional, muito bem pensado, apesar de um pouco arrastado. Já para quem não gosta… Bem, a reação da maior parte das pessoas no fim da sessão dá um quadro exato da situação: frustração pura e simples. Cheguei a ouvir um “eu paguei prá ver isso?“. Só encontrei outra pessoa que saiu do filme sorrindo, e sim: ela tinha cara de quem lê histórias em quadrinhos. E é justamente isso: é um filme para quem gosta de quadrinhos, curte quadrinhos, conhece todos os clichês dos quadrinhos. Não é um filme tão bem conduzido quanto X-Men, onde mesmo quem nunca leu alguma coisa da turma do Xavier acabava gostando do filme, mas tem seus méritos. Aliás, se o filme fosse uma HQ ela seria algo que fugiria completamente do padrão. Afinal, o herói não se torna herói depois de um acidente que o transforma (na verdade o acidente mostra quem ele é de fato, servindo de revelação) e o vilão quer algo muito mais sutil do que poder ou fortuna, como é o caso de 99,99% dos vilões que a gente vê por aí. Bem, não vou falar mais pois isso estragaria a história, e não quero dar esse desprazer para outro gibimaníaco.

Update em 2014: bem, a essa altura quem viu viu, de forma que dá para comentar. No caso o que o vilão quer não é dinheiro ou poder, mas sim entender o seu lugar no mundo, uma explicação para a sua fragilidade. É uma busca pelo sentido da própria vida.

Carro 107

Estação Unisinos do Trensurb. O metrô chega na estação e pára. A porta fica bem na minha frente. Observo o passageiro que está dentro do trem, pronto para descer. Ele está com a cabeça para baixo, olhando o chão… Lentamente a levanta e olha para mim através do vidro da porta. Ficamos nos olhando, parados um na frente do outro. Canso de olhar para ele e viro minha cabeça em direção à cabine do condutor, distante. Não vejo nada. Olho novamente para a pessoa parada na minha frente. Não sei como está a minha cara, mas deve estar como a dele: cara de quem não está entendendo nada. O metrô começa a andar e parte. Meio pasmo ainda, só escuto o fiscal do metrô falando no walkman: “alô, o carro 107 saiu sem abrir as portas!”. Porque tenho a impressão que só comigo acontece uma coisa dessas?

E para quem ainda não sabe, já tá na rede o trailer do filme O Senhor dos Anéis.

Estupro emocional

Ontem assisti ao filme Dançando no Escuro – Dancer in the Dark, vencedor da Palma de Ouro do festival de Cannes ano passado e que neste fim de semana finalmente teve a sua pré-estréia aqui no Rio Grande do Sul. Confesso que na primeira metade do filme eu me segurei para não levantar da cadeira e ir embora, mas fui ficando, tanto para ver até onde é que a história chegava como por ser fã da cantora islandesa Björk (que faz Selma, a anti-heroína do filme). Fiquei e o resultado foi compensador, apesar de ter sido um legítimo estupro emocional. Para quem nunca ouviu falar do filme é o seguinte: durante a década de 50, Selma, imigrante tcheca que vive nos Estados Unidos está perdendo de forma acelerada a visão, devido a uma doença congênita, doença essa que afeta ao seu filho também. Inclusive ela emigrou para os Estados Unidos em busca de cura para ele e trabalha feito uma louca para guardar dinheiro para pagar a operação que evitará que seu filho fique cego. Para suportar a dura vida que leva, ela divaga constantemente, imaginando que está num musical, que é um lugar onde nada de ruim acontece. Inclusive o filme é um musical, mas um musical pobre, com coreografias simplórias nos mesmos moldes dos filmes musicais que Selma via no bloco comunista, quase deprimentes. Aliás, quase não: são deprimentes, já que a medida que a história se desenrola e a saga de horrores pela qual Selma passa vai se desenrolando, menos ela consegue divagar de forma alegre, e isso vai se refletindo na imaginação dela, até chegarmos na canção final ao filho, que como a própria letra diz, dispensa violinos. Nessa hora eu confesso que me derreti em lágrimas (odeio quando isso acontece), assim como boa parte do pessoal que estava no cinema. Aliás, o filme é uma grande manipulação visando tal catarse. Tenho que tirar o chapéu pro diretor Lars Von Triers: ele sabe conduzir uma história e mexer com os seus sentimentos. Não é a toa que há quem esteja odiando esse filme. Eu gostei.

Ah, e quanto a Björk interpretando eu não sou o mais indicado para falar. Como já sou fã dela o meu julgamento é no mínimo suspeito. Mas digamos assim: a Palma de Ouro em Cannes como melhor atriz é plenamente justificável. Aliás, uma coisa comum de ler nas críticas é que esse foi o primeiro filme em que ela participou. Na verdade ela já havia estrelado os filmes The Juniper Tree (produção islandesa em inglês, de 1987) e Glerbrot (outra produção islandesa, também de 87, mas para a TV ) e feito um pequeno ponta no filmes Prêt-à-Porter, de Robert Altman (em 1994). Mas, enfim, a incompetência da crítica brasileira não me surpreende muito…