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Segundo dia do Fórum Internacional Software Livre 2001. A manhã basicamente se resumiu ao debate “As grandes marcas e o Software Livre”, com representantes da IBM, Intel, Sun, HP, Dell, Borland, Apple e Conectiva. Como as iniciativas que as grandes empresas americanas fazem no mundo do software livre vivem aparecendo nos jornais (apoio da IBM ao projeto Apache, desenvolvedores da Intel ajudando sempre no desenvolvimento do kernel do Linux, HP adotando o Linux no lugar do HP-UX, etc…) fui para ver o que a Conectiva está fazendo. O Sandro Nunes mostrou o quanto a empresa cresceu nos últimos anos (de 43 mil cópias vendidas em 1998 para 1,1 milhão no ano passado), assim como outras empresas que adotaram o modelo de código aberto: citou uma empresa paulista que em um ano e meio depois de passar a distribuir de graça o seu sistema – cujo valor de venda praticamente só cobria os custos de produção – o número de contratos de manutenção foi duplicado em relação aos 10 anos anteriores de operação.

Fui então acompanhar o Workshop Software Livre. A sessão era “Migração, Laboratório e Gerência de Recursos”. Foram mostradas experiências feitas em universidades no que se refere à gerência dos recursos computacionais utilizando software livre. A experiência mais interessante foi a da UFPR, onde nos laboratórios de informática se partiu para uma solução de reaproveitamento de equipamento já que a opção foi fazer o software rodar no servidor da rede e o usuário passaria a usar o computador como um terminal gráfico. A volta do mainframe? Pode até ser, mas o detalhe é que eles estão conseguindo reaproveitar até 486s. Segundo o palestrante (Marcos Castilho) utilizando-se um 486 como terminal gráfico o Star Office “abre” em questão de 5 segundos. É que o 486 na verdade não processa nada: o importante aqui é a placa de vídeo e a placa de rede (Ethernet de 100Mb). Foi colocado que os usuários estão satisfeitos com a solução, pois computadores extremamente lentos ficaram “rápidos”. A descrição do parque computacional pode ser vista aqui. E se é para falar em volta do mainframe, na UCS, de Caxias do Sul, utilizando um sistema chamado Tarantella (que não é livre), eles trabalham com aplicativos Linux, Windows e Netware utilizando navegadores web rodando sobre o Linux. É óbvio que dependendo do aplicativo é melhor ter uma solução baseada em estações de trabalho. É o caso de editoração eletrônica e CAD, por exemplo. Mas para trabalhar com o Word, Excel, etc, essa solução se revelou muito boa. Ah, por que a UCS não está usando direto o Star Office no Linux, como é o caso da UFPR? Deve-se à política de abandonar gradualmente a cultura Windows, de forma que não seja desconfortável para os usuários. Outra solução interessante é a da UPF (Passo Fundo), onde se utiliza software livre para gerenciar imagens de disco no laboratório de informática. Mais ou menos o que se faz aqui no local onde trabalho com o Ghost, só que o sistema verifica se a configuração do sistema está corompida e automaticamente faz o download da imagem correta e instala. Aliás, usando esse sistema foi possível criar um menu de opções, onde o usuário pode escolher o sistema operacional que ele quer rodar: Windows 95, 98, NT, Linux, etc… Segundo o Frederico Goldschmidt, o processo de carregamento de uma imagem não passa de 5 minutos. Pena que a Márcia não pode ficar e olhar todas as experiências relatadas, já que ela tinha que voltar prá Taquara para trabalhar.

A tarde acompanhei a apresentação “NASA: Utilizando software livre na terra e no espaço”, com o Marco Figueiredo, brasileiro que trabalha numa empresa que presta serviços pra NASA (o que é normal: praticamente 80% dos empregados da NASA são terceirizados) que apesar do nome não foi tão interessante assim. Basicamente falaram do projeto de levar para os satélites o Linux, visando acabar com o uso de vários sistemas operacionais em satélites, e do projeto Beowulf, que é uma distribuição Linux utilizada para transformar uma rede de computadores num computador paralelo. O Figueiredo aproveitou a apresentação para falar de uma concepção nova de desenvolvimento de computadores, que é o ConfigWare, que não vou me aventurar a tentar explicar, já que hardware definitivamente não é o meu forte.

Acompanhei ainda a “Mesa Internacional UNESCO Presente!”, onde foi colocado o objetivo da UNESCO de criar uma rede latino-americana de desenvolvimento de software livre. Não acompanhei toda a palestra, já que estava mais interessado em ver a palestra paralela “As universidades e o Computador Popular”, onde foi apresentado o projeto do PC Popular (que é um PC que custará em torno de US$ 250,00) e como esses computadores podem ser utilizados em escolas e universidades. Interessante aqui é que não apenas mostraram o projeto do computador, mas também outras alternativas como o “Meu Computador Virtual” (onde haveriam centros de informática, com “discos virtuais” permitindo o acesso de dados em outros locais, para as pessoas de baixa renda). Mas o fato é: o governo federal está apostando no Linux como solução para dimuinuir as barreiras de acesso à tecnologia. Para quem quiser saber mais sobre o que levou o governo a financiar esse projeto uma leitura obrigatória é o “Livro Verde”, que está disponível na rede, em formato html e PDF.

E já que estamos falando em software livre, eis a mensagem que eu recebi via do meu amigo Gustavo de Souza:

Na onda do free software, resolvi baixar os 70Mb do Staroffice 5.2… Qual a minha surpresa diante de um programa que tem acesso aos mais diversos Bancos de dados, traz embutidos os softwares do Office Professional, Frontpage, mais Corel Draw! e Photopaint DE GRAÇA com uma interface muito intuitiva!!!
Abandonei o tio Bill, nessa. Só falta o SO. 🙂

Assim sendo, o dia só não foi muito bom por dois motivos: o primeiro foi que o pessoal do Apache foi crackeado, o que é muito chato para o movimento como um todo… O detalhe é que nem foi culpa do servidor Apache, mas sim do serviço de ssh.

E o segundo e mais importante motivo é que a Márcia passou mal hoje. Aliás, eu pisei feio na bola com ela 😛 Ela me ligou avisando que não estava bem e eu tanzo do jeito que sou nem me toquei que poderia ter pegado o ônibus no local onde trabalho prá Taquara e ter ficado com ela. Está certo que eu, quando fico doente, quero é ficar sozinho, só dormindo, totalmente isolado do mundo. Mas isso sou eu, não a Má, tanto que ela me ligou pouco depois da meia-noite me perguntando por que eu não fui lá na casa dela… 🙁 De qualquer maneira, ela já estava melhorzinha e pelo jeito ela vai poder ir ver comigo o resto do evento 🙂 E fica o aprendizado: eu tenho agora uma namorada que gosta que eu fique por perto quando ela está doente. Vou repetir mil vezes para gravar bem: eu tenho uma namorada que gosta que eu fique por perto quando ela está doente, eu tenho uma namorada que gosta que eu fique por perto quando ela está doente, eu tenho uma namorada que gosta que eu fique por perto quando ela está doente, eu tenho …

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